terça-feira, 13 de janeiro de 2009

São Paulo-Barcelona-Los Angeles

Foi um domingão. Daqueles que ultrapassam a esperada e sempre benvinda (e deliciosa) refeição dominical e se estende a uma voltinha paulistana para uma degustação de café antes e depois da sessão de cinema. Afinal, domingo à tarde tem cara de telona. Neste, pude finalmente ver o filme Vick, Cristina Barcelona. Genial. Não porque é um Woody Allen. Ou será que por que é? Bem, no mínimo é para pensar. Como um bom treinador, o cineasta escalou as estrelas Scarlett Johansson e Penélope Cruz, a atriz Rebecca Hall e ao bonitón Javier Bardem.

O ‘campo’ de Woody Allen é a cidade catalã que dá nome ao filme. Além das previsíveis locações em locais que são cartões-postais, como Parque Gëll, a Sagrada Família, o diretor ainda se apodera de árvores floridas, ruelas com piso de pedras e residências arborizadas e de tom ocre e tira de cena as batidas decorações high tech que vemos cada dia mais nas produções. A sensação é de frescor e de veracidade, sem exageros. Quem já foi à terra de Gaudí sabe o que estou falando.

Com diálogos instigantes, Allen provoca o público a assumir o papel de psicanalista. A poltrona do cinema por duas horas se metamorfoseia em divã. Entende-se tudo. Não se sai da sala de cinema com dúvidas e o melhor, se ri muito, mas, novamente, sem exageros.

Bem, pós-cinema, pós-conversa em cafeteria, finda a tarde, mas o domingo ainda não teve seus minutos finais e nem serão eles do Fantástico. Haverá prorrogação com a apresentação do Globo de Ouro. Um verdadeiro colírio, principalmente para quem adora um red carpet.

É no tapete vermelho de Beverly Hills que os astros de cinema têm seus 15 minutos de modelo! Eleitos por seus desempenhos em filmes e seriados, ao posarem na chegada para a premiação, eles param, acenam e sabem que neste momento são coadjuvantes. Afinal, o destaque é o que estão vestindo.

Não há escapatória. Não à toa que os grandes ateliês de alta-costura disputam durante meses a preferência dessas estrelas para que suas roupas, jóias e sapatos sejam escolhidos para a ocasião. A ideia não é faturar com a venda para os atores, que, aliás, recebem free os modelitos. Bem, há os que preferem usar acervo pessoal, mas isso é a minoria da minoria. Há joias que também retornam aos joalheiros por conta dos valores astronômicos das peças, mas isso, os artistas entendem. Faz parte do jogo. Imagine, milhões de telespectadores estarão atentos às preferências deste e daqueles. É um dos melhores marketings de imagem: os artistas fazendo bonito e os estilistas, idem.

E, já que entrei na madrugada para ver os que eles usam, nada mais natural que dividir com vocês o que me chamou a atenção nas roupas das atrizes. A dos atores, deixo para outra ocasião, afinal a variação dos smokings e terninhos não saiu do lugar-comum.

A julgar pelo que se viu, é melhor aposentar os decotes nas costas, que já foram hits em edições anteriores. A vez é do tomara-que-caia. Colos e pescoços à mostra, reforçados por cabelos presos, em sua maioria, os coques - o penteado oficial das noites de gala. Também apareceram as mangas de um ombro só e um ou outro decote frontal, como o vestido de gosto duvidoso de Jennifer Lopez. Dourado, ele valorizou demais as curvas de J.Lo, que ainda não recuperou a forma anterior à gravidez. E dourado, bem...

Mas, voltando ao tomara-que-caia (e elegância), se eu fosse eleger o melhores looks da noite, nele estariam os da cor vanilla da Dior. Eva Mendes, Salma Hayek e Sandra Bullock usaram a cor e a grife e estavam impecáveis.

Drew Berrymore, com um penteado à moda das capas da Cosmopolitan, fez bonito a bordo de um John Galliano (estilista da Dior!) azul-cinza claríssimo. A impressão é que Drew flutuava. Penélope Cruz também estava livre , leve e solta em um tom pálido by Armani. Os mais estruturados também tiveram vez.

O melhor exemplo foi o Yves Saint Laurent preto usado pela grande vencedora a noite, Kate Winslet, que ganhou os Globos de Melhor Atriz e Melhor Atriz Coadjuvante por, respectivamente, Apenas um Sonho e The Reader.

Bem, e Vicky Cristina Barcelona? Claro, ganhou na categoria Melhor Comédia.

   

 

 

4 comentários:

  1. Angel ler teu blog me instigou a ver ao filme e conforta a curiosidade até mesmo de quem nem curte de alta moda.Achei bem natural e gostoso teu jeito de escrever e narrar o que observou pelo passeio na tarde de domingo paulistana e no transcorrer.beijo e pode encaminhá-lo sempre que terei o maior prazer em lê-lo.

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  2. Ainda que certos críticos insistam em afirmar que Woody Allen coleciona número idêntico de sucessos e fracassos, considero que qualquer um dos seus filmes seja rigorosamente imperdível.

    Confesso que demorei a compreender o porquê de se atribuir tamanha genialidade a ele, mas acompanhando com maior interesse seu trabalho, pude captar sua inteligência ímpar e me deliciar com a exímia habilidade em tratar de assuntos relativos à personalidade humana.

    Ainda não tive a oportunidade de assistir "Vick", mas pelo pouco que sei a respeito, já vi que vai me agradar bastante. Soube que más línguas alardeiam por aí que esse filme destoa do estilo habitual adotado por Allen, porque ele foi contratado para promover Barcelona com a obra. Será? Bem, pouco me importa. Adoro tudo que ele faz, acho que é sempre genial. E como se isso não bastasse, como eu, o homem ainda é um fã ardoroso de jazz. Pronto, fechei com ele. E também fechei com você, Angélica. Estarei sempre por aqui dando uns pitaquinhos, tá? Adorei o blog! Ah, em tempo: me desculpe, mas tá duro de aderir a reforma ortográfica, sabe? Tenha paciência comigo, please!

    Beijo!

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  3. Olá Geli, que prazer enorme te reencontrar, seus textos, sua sensibilidade e seu estilo. Saudades dos velhos tempos, tão diferentes deste clima deprê...

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