sexta-feira, 16 de janeiro de 2009

Maysa e Amy

A minissérie Maysa Quando Fala o Coração termina hoje. Assisti diariamente e concordo com as críticas sobre a precisão da abordagem sobre a psique da cantora, retratada mais como uma mulher mimada do que como uma transgressora. Não houve a similitude necessária para dimensionar a artista, cuja profundidade da interpretação e temas cantados a tornaram conhecida como a Rainha da Fossa. Mas, convenhamos que a minissérie foi uma missão e tanto. Isso pode ser observado nos figurinos, na fotografia e nas encenações. Nesse quesito, a menção honrosa é para a atriz Larissa Maciel, já cotada para premiações pela interpretação na pele de Maysa.
Bem, a busca pela perfeição é o mínimo que se espera de uma grande produção, principalmente porque o diretor, Jayme Monjardim, é filho de Maysa que, aos 40 anos, em 1977, morreu em um acidente de automóvel no Rio.
Muitas vezes imaginei como deve ter sido complexo para Monjardim narrar a vida de sua mãe, que viveu tão intensamente quanto cantou. E é sobre isso que me debruço e contesto os que imaginam que seu sucesso teve mais a ver com a sua agitada vida pessoal do que a profissional. Não fossem pelas letras e pela voz, por vezes rouca, por vezes aveludada, Maysa não teria sido o que foi, mesmo com seus inúmeros escândalos que preenchiam as páginas de jornais e revistas da época.
Escândalos só reforçam o mito, mas não têm força para criá-los. Não havia e não há dúvidas sobre o talento de Maysa, assim como hoje ninguém contesta o de Amy Winehouse, outra cantora de vida oscilante. Maysa e Amy mostraram que o talento se sobrepõe quando estão frente ao microfone. Os mais apressados poderiam citar outra contemporânea e com uma vida povoada de escândalos: Britney Spears, mas, por favor, de forma alguma há interseção entre seus graus artísticos. Bons marqueteiros até criam uma celebridade, mas não um artista e muito menos uma diva. Amy e Maysa o são.
E sobre Maysa tanto para os que a acompanharam na época do vinil quanto aos que (finalmente) entenderam com a minissérie a referência da expressão "meu mundo caiu" (título de uma das músicas que imortalizou), segue a dica para o álbum duplo da trilha sonora da história levada ao ar.
Para traçar a trajetória da cantora, foram selecionadas 27 músicas. Samba-canção, bossa nova, clássicos, como Chão de Estrelas; Tamém há espaço para canções internacionais, interpretadas em francês, inglês e espanhol, como I Love Paris e Ne Me Quitte Pas, os boleros Quizás, Quizás, Quizás e Bésame Mucho. É uma coletânea fundamental para entender Maysa e que ainda traz uma de suas últimas e emblemáticas gravações: Morrer de Amor.

3 comentários:

  1. Parabéns pelo blog. muito legal

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  2. parabéns Angelica pelo blog, tá legal, bom voce escreve muito bem a gente sabe disso, beijos de EDUARDO E ISABELLA MARQUES, seus eternos amigos.

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  3. Angélica, marcou muito a instabilidade emocional da diva tão bem retratada pelo próprio filho. Cheguei a ouvir de várias pessoas que teriam vergonha de expor uma mãe dessa forma. Só alguém tão bem resolvido para fazer o feito, cheio de amor e aceitação, sem hipocrisia. Acredito que muitas mulheres puderam enxergar nos ápices de baixa auto-estima que a artista viveu o perigo que as paixões desenfreadas podem representar em suas vidas pela TV, na pele de Maysa e hoje nos holofotes que cercam as Amys e outras tantas célebres figuras da mídia que você tão bem soube trazer no texto. Parabéns!!!
    Maira Garcia

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